Essa é pergunta muito frequente no consultório e para a qual não há uma única resposta. Diversos fatores avaliados pelo cirurgião do quadril auxiliam na escolha da prótese. Um desses fatores é a experiência do cirurgião com o implante específico. Cada haste femoral e acetábulo das diferentes marcas tem suas peculiaridades em termos de variedade de tamanho, instrumental próprio para colocação, angulações, textura, entre outros aspectos. Utilizar sempre o mesmo implante ou os mesmos poucos implantes, aumenta a chance de sucesso, pois o cirurgião passa a conhece-lo nos mínimos detalhes, os pontos fortes e fracos.
Outro fator é a anatomia óssea individual – observada por diversas medidas do acetábulo e da parte superior do fêmur. Assim, existem próteses mais adequadas para uns e outros indivíduos. Alterações nesses ângulos e medidas podem ocasionar alongamentos, dores laterais, fraqueza muscular, entre outros sintomas. A qualidade óssea e a forma do canal femoral também são levadas em consideração. Esses fatores auxiliam na determinação da prótese fixada com e sem cimento.
Também é observada a idade. Para os mais jovens ou aqueles com idade biológica mais baixa tentamos utilizar superfícies com menor atrito e maior resistência. Como um dos fatores responsáveis pelo afrouxamento é a geração de debri (micropartículas geradas pelo atrito entre as superfícies e que causam reações biológicas locais provocando osteólise), procuramos utilizar superfícies de polietileno mais resistentes (crosslinked) associadas com cabeças de cerâmica ou metal, ou também superfícies cerâmica-cerâmica.
Nesse mesmo sentido segue o nível de atividade física. Para esse grupo de paciente, superfícies com baixo atrito e maior resistência também são adequados e desejáveis.
Por fim, baseamos muitas de nossas escolhas por próteses que tenham a sua “história” bem documentada, isto é, tenha estudos em pacientes com acompanhamento acima de 15 a 20 anos, pelo menos. Essa longevidade da prótese ou sua duração é muito importante. Infelizmente muitos modelos de prótese não dispões de estudos de seguimento (chamados registros). Os principais registros mundiais são o norueguês(1), o australiano (2) e o sueco (3). Ainda não dispomos de um registro das próteses nacionais, embora a Sociedade Brasileira do Quadril esteja empenhada na sua elaboração.
Assim, sempre buscamos o implante que consiga compreender o maior número de aspectos possível. Isso aumenta nossa chance de sucesso e a sua satisfação com o procedimento. Certamente o equilíbrio dessa equação delicada é melhor realizado por um cirurgião experiente. Não procure apenas por próteses, novidades ou tecnologias de ponta, mas por profissionais que consigam lhe orientar e operar todas essas variáveis.
- <NJR 11th Annual Report 2014.pdf>.
- <Australian Orthopaedic Association National Joint Replacement Registry. Annual Report 2014. httpsaoanjrr.dmac.adelaide.edu.audocuments10180172288.pdf>.
- <Swedish Hip Arthroplasty Register, Annual Report. 2012.pdf>.